A angústia de um cão à espera do dono em Passo Fundo, Norte do Rio Grande do Rio Grande do Sul, terminou. Depois de permanecer 28 dias ininterruptos em frente ao hospital do município e comover funcionários e médicos da instituição, o animal voltou ao convívio do dono, um morador de rua, que estava internado no local desde o mês passado, e teve alta nesta quinta-feira (24).
Durante o período, o cão, apelidado de "Seco", foi alimentado e tratado por servidores do hospital. Ao deixar a internação nesta quinta, o dono, Lauri da Costa, de 55 anos, 10 deles afastado da família devido a problemas com drogas, foi levado em uma ambulância até o albergue municipal de Passo Fundo. Duas horas depois, ele foi, a pé, buscar o fiel amigo.
Ele endireitou o meu caminho.”
Lauri da Costa, morador de rua
"Desde a manhã, ele estava ansiado esperando a minha saída. Foi uma felicidade. Quando saí ele sofreu um pouco. Não dava para carregar ele dentro da ambulância", contou Lauri ao G1. Segundo ele, Seco é um estímulo para mantê-lo vivo em meio a uma vida de percalços e sofrimento, marcada pelo vício no consumo de crack e álcool. "Ele endireitou o meu caminho. Passei a fumar menos. Esse tempo me deu muita saudade. Estava acostumado com ele dormindo sempre nos meus pés", detalhou.
A repercussão do caso, acompanhado pelo G1 no início do mês, também reaproximou Lauri dos parentes, depois de uma década de solidão. Conforme ele, o início da rotina morando ao relento em ruas de Passo Fundo começou depois da separação da mulher e o afastamento de dois filhos. "Com ajuda de jornalistas, voltei a falar com eles. Estão bem contentes. Acho que vai melhorar mais a minha vida. Já havia pedido a morte. Não queria me matar, pedi a Deus que me levasse", confidenciou.
Conforme o coordenador do albergue onde Lauri voltou a se instalar, Eduardo Camargo, antes de o morador de rua ser hospitalizado, o cão já vivia no local, com a permissão da casa. Com o retorno de Lauri, Seco voltará a ganhar abrigo e alimentação. "Temos inclusive outra cachorrinha que vive aqui. Eles podem ficar em um pátio interno sem problemas. Só precisamos evitar que eles entrem nos quartos, por questões sanitárias", afirmou.
Desde 2007, o morador de rua é monitorado por assistentes sociais de Passo Fundo. Porém, recaídas de Lauri o levaram a deixar o albergue e retomar a rotina de consumo de drogas. "E a partir de 2012 ele encontrou o cachorrinho. Isso melhorou muito o estado emocional dele", diz Camargo.
Fonte:G1
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