quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mulher perde dinheiro e boleto; homem recolhe quantia e paga conta

Um gesto simples e honesto, mas em desuso. Na última semana a atitude de um segurança chamou atenção da mídia. No dia 2 de abril, Karine Peyrot, de 41 anos, perdeu um envelope com uma conta em boleto e o dinheiro para quitar a dívida na avenida Feitoria, no bairro Rio Branco, em São Leopoldo (RS). Ao chegar na lotérica, o desespero. Karine havia perdido o boleto e o dinheiro; no entanto, uma atitude que deveria ser considerada normal surpreendeu.
A surpresa ocorreu porque o segurança Marco Antônio da Silva, de 32 anos, encontrou o envelope no chão, foi até a lotérica, pagou a conta e ainda foi atrás da dona do dinheiro através da rede social Facebook. Seu objetivo era entregar o troco, de R$ 0,50, o comprovante do pagamento e acalmar Karine, que, atualmente, mora no Estado vizinho, mas passou boa parte da infância em Criciúma.
“Havia chego de viagem naquele dia. Cheguei em casa, tomei um banho e fui pegar um ônibus em direção ao Centro, onde iria comprar um telefone celular, pois o meu aparelho havia quebrado. Enquanto esperava a condução na parada, a Karine passou com uma motociclista, sendo que o boleto e o dinheiro saíram do bolso da jaqueta. As notas, todas de R$ 100, se espalharam pela avenida. Saí correndo e juntei todas elas”, lembra Silva.
Postagem no Facebook - O segurança juntou os R$ 600, olhou o endereço de Karine no boleto, pensou em entregar a quantia em sua residência, mas como a distância era longa revolveu pagar o valor. Antes de ir na lotérica, o segurança comprou o celular e após o pagamento do boleto tirou fotos da fatura paga com o novo aparelho. Ele colocou as imagens no Facebook, relatando que gostaria de encontrar a dona da conta para lhe entregar a fatura. “Deixei meu contato na postagem e em menos de três horas a Karine me ligou, veio até a minha casa e ficamos amigos”.
Desespero - A gaúcha conta que ficou no desespero durante todo o dia. “Minha filha até comentou ‘quem sabe alguém encontre o boleto e pague', mas nunca imaginamos que isso aconteceria. Eu estava em um salão de beleza, quando uma amiga em comum ligou e disse: 'Karine, você perdeu algo hoje?'. Já veio na minha cabeça toda a história, comecei a chorar e ela disse: ‘tu acredita quem alguém achou e pagou?’. Fiquei sem acreditar e liguei para ele na hora, nos encontramos e viramos amigos”, comemora.
Ensinamento da mãe - Silva não imaginava que a história repercutiria tanto. “O objetivo era só encontrar a dona da conta. Minha mãe sempre me ensinou para não mexer naquilo que fosse dos outros. Eu já perdi R$ 50 para pagar uma conta, tive que pedir emprestado, fiquei muito chateado na época. Quando vi que ela havia perdido R$ 600 fui correndo pagar. Não pensei em nenhum momento ficar com o dinheiro”, afirma.
Rotina de entrevistas – O gesto tornou Marco Antônio da Silva famoso nas redes sociais. Segundo o segurança, muitas pessoas estão lhe adicionando. “Foram mais de 800 amigos, hoje pela manhã aceitei uns 100 amigos, agora há pouco mais 30. As pessoas deixam muitas mensagem, a família tem que revesar para dar conta de responder todos”, brinca. Nos últimos dias, ele e Karine se dividem entre as atividades normais do dia a dia e as entrevistas. Nesta manhã, quando a reportagem do Portal Engeplus entrou em contato, a dupla gravava um programa para o Jornal do Almoço, da RBS TV, e uma participação para o programa Mais Você, da Rede Globo.
Nas próximas horas, a agenda da dupla está cheia. No início desta tarde tem entrevista para jornal e, posteriormente, para duas emissoras de televisão. À noite os dois embarcam para São Paulo, onde participam do programa Hoje em Dia, da Rede Record, nesta quarta-feira. “Começou com os jornais locais, ontem saímos na Folha de São Paulo, na Revista Época, no Zero Hora, é muito legal, uma loucura”, comenta.
Sonho – Atualmente, atuando como segurança, o sonho do gaúcho é trabalhar com futebol. Silva já trabalhou nas categorias de base de alguns times do interior do Rio Grande do Sul, como integrante da comissão técnica e treinador. “Quero mesmo é voltar para essa área que eu gosto. Quero fazer um curso de treinador, de R$ 580, e me especializar”, destaca. Como segurança, Silva ganha, em média, R$ 70 por dia.
Criciumense na infância – Morando em São Leopoldo, Karine morou quando criança em Criciúma. Sua irmã, Cristiane Peyrot Rosso, ainda mora na região, em Urussanga. “A família acabou voltando para o Rio Grande do Sul e eu permaneci, pois meu marido é natural de Urussanga. Fiquei muito feliz com essa história, soube da dimensão dessa repercussão ontem. Atitudes como essa de caráter temos que potencializar, não pode cair no desuso. Exemplos como este temos que mostrar aos nossos filhos, mostrar que dá e se deve fazer o certo”, avalia.
Fonte:engeplus.com.br

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