A presidente da mantenedora da Fama, Rosangela Cipriano, explica que durante a suspensão de dez dias, a comissão ouviu as vítimas, os suspeitos e coletou imagens do trote. Depois do material colhido, a comissão concluiu que três alunos lideraram o trote violento, pois tiveram a iniciativa de levar a creolina para a instituição.
De acordo com Rosangela, o critério utilizado pela comissão para a expulsão dos três alunos foi o da gravidade. "Os alunos receberam a penalidade em conformidade com sua participação. A expulsão é a pena máxima que a instituição utiliza no seu regimento para punir atos intoleráveis. Eles organizaram o trote por uma rede social e esses três alunos traíram o grupo, pois o grupo não sabia que eles levariam a creolina", ressalta.
Presidente diz que alunos expulsos traíram grupo do curso de agronomia (Foto: Eliete Marques/ G1)
Além da expulsão, quatro alunas foram repreendias por escrito e deverão ser submetidas a acompanhamento psicoterápico pelo prazo de 90 dias. Outros cinco alunos foram suspensos por 60 dias. "As moças colaboraram cortando o cabelo, vigiando os sapatos, e tiveram participação menor. Já os alunos que levaram suspensão por 60 dias, usaram tinta automotiva, pintaram os cabelos dos meninos e moças, e usaram lepecid", ressalta.A faculdade apurou que o trote violento teve 12 vítimas e que os veteranos envolvidos são todos do curso de agronomia, sendo estudantes do 3º e 5º período. A presidente da mantenedora afirmou que as vítimas e suas famílias receberam apoio psicoterápico e que o procedimento de apuração será encaminhado à Delegacia de Polícia Civil. “Eles infringiram o regimento interno e agiram de forma perversa e covarde. Não admitimos a exposição da dignidade da pessoa”, conclui.
Boletins de ocorrência
De acordo com a Delegacia de Polícia Civil, cinco jovens registram boletim de ocorrência por lesão corporal e as investigações estão em andamento. Com queimaduras nas costas e ombro, a caloura de agronomia, Gabriela Karina Kerber, de 21 anos, é umas das vítimas que procurou a polícia.
Gabriela diz que veteranos usaram até tinta de carro
em trote (Foto: Eliete Marques/ G1)
Em entrevista ao G1 na quarta-feira (17), Gabriela diz que os veteranos usaram tinta automotiva, larvicida e creolina na brincadeira. "Não esperava que seria dessa forma. Aceitei participar de um trote normal. Eles entraram na sala e disseram para nós que iria ser um trote, mas que não iria ter agressão, e não iria ter sangue. Começaram a pintar as mãos e o pés. Depois começaram jogar um liquido na gente", lembra.em trote (Foto: Eliete Marques/ G1)
Composição
Segundo a bula do larvicida, o produto usado no trote é recomendado apenas para o tratamento de bicheiras em animais, provocadas por larvas ou ferimentos externos. A inalação do mesmo é proibida, sendo vetado o uso em aves. O produto também é altamente inflamável.
Já a creolina é usada em limpeza ou na dissolvia de produtos químicos, como desinfetantes.
Atendimentos médicos
Após o trote, os jovens procuraram atendimento médico em hospitais do município com queimaduras pelo corpo. A caloura Kelissa Luila Pereira Rodrigues, de 19 anos, sofreu lesões no ombro e braço. "Disseram para gente que iria ser uma brincadeira com tinta. Quando estávamos cheios de tinta, eles começaram a jogar um produto químico na gente, que começou a queimar e a arder. Foi muita dor", relata.
Kelissa diz ter pensado que trote seria com tinta (Foto: Eliete Marques/ G1)
Já o calouro Lucas Ribeiro Boehm, de 17 anos, ficou internado em um hospital particular da cidade, com queimaduras de primeiro grau nas costas, ombro e tórax. "Jogaram lepecid com creolina e, na hora que bateu no corpo, começou a queimar. Senti muita dor. Comecei a pular e não parava a dor. Nesse momento corri para o banheiro. Ardia muito. Fiquei meio tonto, quase desmaiei, e um amigo me trouxe para o hospital", relatou.Posicionamento
Após o fato, a Faculdade da Amazônia divulgou nota repudiando o trote aplicado pelos calouros de agronomia. Segundo a instituição, brincadeiras violentas são proibidas dentro da faculdade e que "a responsabilidade de cada aluno veterano será rigorosamente apurada, através de Processo Administrativo Disciplinar, que já foi instaurado, a fim de que a cada acadêmico veterano envolvido sejam aplicadas as penalidades administrativas cabíveis, que vão desde a suspensão até a expulsão".
Fonte:Eliete MarquesDo G1 Vilhena e Cone Sul