domingo, 20 de março de 2016

Decisões políticas em Brasília refletem em estados da Amazônia

Deputado federal do Amazonas, Pauderney Avelino (DEM),
é um dos mais ativos oposicionistas ao Governo Dilma.
Foto: Divulgação/Assessoria
A convulsão social provocada pelo cenário político do Brasil abrange todas as regiões do País. Na Amazônia, que abriga os estados mais distantes de Brasília, os ecos também são ouvidos. Há quem veja consequências negativas, mas também há quem avalie como um momento de oportunidade de mudança para melhor.
Desde o último domingo (13), quando milhões de brasileiros foram às ruas protestar contra a corrupção e contra o Governo Dilma Rousseff, vê-se nas redes sociais manifestações sobre a situação. Mas, o incômodo não ficou somente no teclado do computador ou celular, ele voltou a ser ouvido após os rumores e concretização da nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil.
O deputado federal do Amazonas, Pauderney Avelino (DEM), é atualmente uma das vozes de oposição mais altas da Amazônia.
“Lula como ministro é um escárnio à população. Isso é um tapa na cara da sociedade brasileira, que já demonstrou claramente que não quer mais o PT. Há um claro desvio de finalidade e uma afronta ao princípio de moralidade. Essa indicação serviria apenas para blindar Lula ao conceder a ele o foro privilegiado. Não vamos deixar isso passar e assim como já “derrubamos” o ministro da Justiça, faremos a mesma coisa com Lula”, postou em sua fanpage na rede social Facebook.
Por outro lado, um dos soldados mais ativos na defesa do Governo, também vem da Amazônia: a senadora do Amazonas Vanessa Grazziotin. A parlamentar tem se comportado como uma das mais ferrenhas defensoras do ex-presidente Lula.
Consequências
A cientista social e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Joana Coutinho, avalia a situação como um momento difícil para o Brasil e para o Maranhão. “No Maranhão, assim como no restante do País, a indignação é seletiva”, diz.
“No último domingo, a manifestação em São Luís era composta por uma classe média branca e que gritava frases de efeito contra a corrupção. Eles se manifestam contra a corrupção, mas contra a corrupção do PT [Partido dos Trabalhadores]”, opina. “Não vi nenhuma manifestação pedindo o mesmo vigor pra investigar a corrupção praticada pela oposição, por exemplo”.
A cientista social também acha que o Poder Judiciário está agindo de maneira “altamente seletiva” e que “trabalha em mão única e de forma nominal”. “Não vejo indignação com o assassinato de jovens negros, por exemplo. Muito menos com o desvio de dinheiro de merenda escolar”, conclui.
No Estado vizinho ao Maranhão, no Pará o presidente do Conselho de Infraestrutura do Sistema Fiepa, José Maria Mendonça, acredita que qualquer mudança será benéfica para a Amazônia. “A situação não fica pior do que está. Só não podemos permanecer com a presidente Dilma. Estamos todos paralisados e, por causa da distância de Brasília, a Amazônia sempre fica com a pior parte”, afirma.
No aspecto econômico José Maria não acredita que a economia do Pará seja fortemente afetada. “O Pará pode resistir a crise, porque o setor mais expressivo da nossa economia é a mineração para exportação, e o dólar está alto”, avalia.
Ele também vê a situação como uma oportunidade para fortalecer parcerias entre os Estados da Amazônia. “A parceria entre o Pará e Amazonas pode ser mais bem explorada. Juntos somos a Amazônia, líderes regionais. Nossos governantes precisam conversar todos os dias. Os paraenses podem ajudar a Zona Franca de Manaus e os amazonenses podem ajudar o nosso setor minerador”.
Em Rondônia, Estado que tem no agronegócio o ponto forte da sua economia, o vice-presidente da Fiero, Adélio Barofaldi, acha que o Estado está sentindo fortemente os efeitos da instabilidade política. “Essa situação espanta os investidores, não só no Brasil como um todo, mas em Rondônia”, diz.
Estamos na contramão do mundo. “Todos crescem e nós [o Brasil] encolhemos. Rondônia está sentindo muito porque a maioria dos nossos municípios dependem de repasses federais, logo, sentem a queda da arrecadação”, concluiu.
Por: Izabel Santos
Fonte: Portal Amazônia

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