Em depoimento aos policiais federais o piloto da aeronave contou que receberia R$ 60 mil reais para transportar uma mercadoria, mas que não sabia se tratar de droga. Ele contou ainda que tinha autonomia para utilizar o helicóptero da empresa. De acordo com a polícia, o piloto se recusou a informar para quem estava transportando a carga.
- O piloto disse que ele era empregado dessa empresa e que utilizou o helicóptero por sua conta e risco. Ele disse que usou como freelancer. Não se referiu em momento algum a qualquer pessoa - explicou o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, delegado Erivelton Leão de Oliveira.
Ao ser questionado sobre o fato de o helicóptero pertencer à empresa dos filhos do senador mineiro, o delegado respondeu:
- O fato de (o helicóptero) pertencer a quem quer que seja não significa que essa pessoa esteja envolvida com o crime praticado.
No momento em que os policiais chegaram à propriedade rural, a quase meia tonelada de pasta base de cocaína já estava pronta para ser despachada em duas caminhonetes. Segundo as contas da Polícia Federal, a droga total está avaliada em R$ 10 milhões.
- A gente acredita que uma parte da droga possa ser desmembrada, para ser vendida no Espírito Santo, e uma grande parte que vai para o tráfico de drogas internacional, sendo exportada para a Europa - contou o major Santiago, da Polícia Militar.
Mas a Polícia Federal foi cautelosa ao tratar do destino da droga.
- É uma quadrilha bem organizada, mas não se pode dizer que seja tráfico internacional, ainda. A princípio a droga era para ser distribuída no estado. Ainda estamos investigando a dimensão (da quadrilha) - comentou o superintendente da PF.
O que chamou a atenção para a quadrilha foi a compra da propriedade rural há cerca de um mês. Segundo a Polícia Federal, o comprador pagou R$ 500 mil - cinco vezes mais que o valor de mercado. Curiosos, os moradores passaram a reparar na movimentação nessa propriedade e, quando desconfiaram, acionaram a Polícia Civil, que posteriormente entrou em contato com a Polícia Federal. Agentes federais acampanaram por quase uma semana até fazer o flagrante.
Outro lado
O advogado da família Perrella, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, confirmou que o helicóptero é da Limeira Agropecuária, empresa que pertence aos filhos de Zezé Perrella, e afirmou que a responsabilidade pelo crime é do piloto. De acordo com o advogado, o piloto tinha a chave da aeronave e agiu de forma indevida, sem autorização da empresa. Kakay disse também que a empresa não costuma fazer rotas que ligam São Paulo ao Espírito Santo, e que a família vai tomar as medidas necessárias para ter de volta o helicóptero. A família disse ainda que o piloto do helicóptero já foi demitido e será processado.
- É um caso de vítima de furto. O Gustavo teve a aeronave furtada pela pessoa que tinha acesso às chaves para usar com a finalidade de trabalho. O piloto pegou o helicóptero sem autorização e fez uso indevido, foi demitido por isso. Ele falou para o delegado que é responsável por essa operação - explicou Kakay.
Segundo o advogado, a base do helicóptero é em Belo Horizonte e seu cliente usa a aeronave tanto para fins comerciais quanto para passeios particulares.
De acordo com documentos da Junta Comercial de Minas, 95% das cotas da empresa são divididas entre os filhos de Perrella: Carolina Perrella Amaral Costa e o deputado Gustavo Henrique Perrella Amaral Costa. Um sobrinho do ex-presidente do Cruzeiro, André Almeida Costa, detém os restantes 5% das cotas da Limeira.
Além do helicóptero, está registrado em nome da empresa uma fazenda da família, a Guará, avaliada em pelo menos R$ 60 milhões.
Fonte:o globo
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