Levantamentos de hidrólogos do Centro Nacional de Alerta e Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), apontam que em menos de 10 dias um trecho de 14 quilômetros seja tomado pelas águas do Madeira.
O estudo confirma que trechos próximos às cidades de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná e Abunã, serão novamente os primeiros a sofrer com alagações. “O primeiro trecho que pode ser inundado, de acordo com o Cemaden, é a área próxima da antiga Mutum-Paraná. Há uma previsão de aproximadamente 10 dias para que isso ocorra”, explicou o secretário-adjunto da pasta, José Pimentel, em entrevista à imprensa daquele estado.
Informações obtidas com exclusividade pelo ac24horas dão conta que uma régua especial já foi instalada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no quilômetro 471 da estrada, para acompanhar o aumento do nível. Nesta quarta-feira, 28, a medição das 0h apontou que faltam 52 centímetros para que as águas do manancial comecem a alagar trechos da rodovia federal. Segundo a PRF, ao atingir a marca de 50 centímetros restantes, será acionado o alerta geral e todos os agentes devem trabalhar em operação considerada “crítica”.
Dados da prefeitura de Porto Velho (RO), disponibilizados ao ac24horas, mostram que após consulta in loco no trecho entre o perímetro da capital e o distrito de Abunã, ficou constatado que cerca de 550 famílias podem ser atingidas diretamente pela cheia.
Segundo o Executivo municipal, o trabalho está sendo realizado de maneira integrada com o governo de Rondônia, DNIT, PRF, governo do Acre e membros do Cemadem. Durante reunião na sexta-feira da semana passada, o grupo apontou algumas medidas preventivas a serem adotadas como a manutenção da Estrada Parque, que liga União Bandeirantes a Guajará-Mirim e Nova Mamoré, locação de balsas e máquinas para ajudar na travessia de veículos dos pontos alagados da BR e retirada das famílias das áreas de risco, dentre outras.
O engenheiro do DNIT, Douglas Freiras, destacou que o órgão federal está atento quanto às providências e estratégias a serem tomadas para não interromper o fluxo de veículos na rodovia BR-364. Durante encontro com representantes dos dois estados, o engenheiro sugeriu que a Defesa Civil faça a demolição das casas localizadas próximas à ponte sobre o Rio Madeira. Segundo ele, outras famílias estão invadindo as antigas moradias, o que exige novos esforços por parte da Defesa Civil e Bombeiros.
O auditório da Associação Comercial de Rio Branco (AC) foi palco de uma tensa reunião entre representantes de setores empresariais de todo o estado. O encontro marcou o início das ações que devem ser executadas já nos próximos dias. Solicitação de linhas de crédito que ultrapassam os R$ 100 milhões, prazo extenso para pagamento, estocagem de produtos em alta escala e uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) são algumas das exigências que os comerciantes pretender fazer a presidente da República, Dilma Rousseff, do PT.
“Nosso objetivo aqui é definir quais serão nossos próximos passos. Vamos cotar tudo que for necessário e colocar em prática nosso plano de contingencia. Isso não quer dizer que teremos uma crise, mas queremos fazer de tudo para que em caso de crise nossa população não sofra com preços altos ou falta de produtos nas prateleiras de nossas empresas”, destacou Jurilande Aragão, presidente da Acisa.
A presidente do Sindicato dos Transportadores do Acre (Setacre), Nazaré Cunha, que também participou do encontro, afirma que a grande preocupação é de trazer até o início do próximo mês os produtos essências, de caráter mais básico. “Minha preocupação é com os produtos mais básicos, mas também fico preocupada com outros produtos, menos essenciais, mas que a população procura”, comenta a representante.
Segundo a sindicalista, trazendo o quanto antes esses produtos, a população não será prejudicada, nem os empresários, que precisam de dinheiro para custear suas dívidas mensais. “A gente precisa é se planejar e tentar viabilizar o mais rápido possível esse plano de contingencia. Para isso, vamos contar com o apoio do governo”, completa.
ESTUDO DO SIPAM
Em entrevista exclusiva, concedida ao ac24horas, o meteorologista Luiz Alves Neto, chefe da Divisão de Meteorologia e Climatologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), órgão vinculado ao Ministério da Defesa, explicou sobre a semelhança entre as condições climáticas de 2014, em relação à 2014.
De acordo com Luiz, a realidade é desfavorável, visto que estão previstas chuvas acima da média para a região, bem como a ocorrência, já dado como inevitável. Mesmo assim, o especialista em climas estima que neste ano as proporções da cheia devem ser menores que as do ano passado.
Questionado sobre as previsões de chuvas, Luiz diz que “pelo menos até o fim deste mês, tanto o Acre, como Rondônia, como a área da bacia do Rio Madeira, terão chuvas acima da normalidade para o período. Para fevereiro, as expectativas também são de chuvas acima da normalidade em todas as áreas citadas. Apenas em março é que o volume de chuva previsto deve cair dentro da normalidade”, esclarece o meteorologista.
Ele explica ainda o porquê dessa precipitada cheia do Rio Madeira, antes do período normal. Para o pesquisador do Sipam, “estamos sofrendo influência do fenômeno climático ‘El Niño’, que é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico tropical”, explica, ao esclarecer que “as grandes cheias do Rio Madeira nos anos de 1982 e 1997 tiveram interferência deste fenômeno, que nestes anos, por coincidência, houve um dos eventos de ‘El Niño’ mais fortes da história. Não é o caso desse ano. Estamos, sim, sob influência do ‘El Niño’, mas ele está com fraca intensidade. Porém, apesar de fraco, ele está modulando as condições de clima na nossa região”, comentou.
PREVISÃO QUINZENAL
As previsões para os próximos 15 dias, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), é de que o Rio Madeira apresente baixa. Mesmo assim, na Bolívia, o Rio Beni, principal afluente do manancial rondoniense, não para de subir e já está em situação “laranja”, ou seja, em princípio de risco, o que coloca em xeque os dados apresentados pela ANA, aos brasileiros.
Em entrevista, o chefe do departamento de Gestão de Risco de Beni, Jhonn Maldonado, afirmou que “todos os rios de Beni atingiram o nível laranja, isso significa que estamos a apenas alguns centímetros a ser vermelho”, comentou o gestor ao destacar que faltam apenas quatro polegadas para o manancial transbordar na região da Bolívia.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), na região de encontro entre os rios Beni e Mamoré (que formam o Rio Madeira), já na fronteira com Rondônia, a extensão dos alagamentos superou 500 quilômetros além da margem, em poucos dias. A cheia do manancial boliviano causou quase cem mortes e deixou bilhões de reais em prejuízos e ainda, quase 200 mil bois mortos por conta das alagações.
RELEMBRE
A Marca histórica do Rio Madeira foi confirmada no mês de março de 2014, quando se atingiu a profundidade de 19,74 metros. Na época, o manancial isolou por terra o estado do Acre, e causou prejuízos milionários ao comercio acreano. Na época houve racionamento de combustíveis e alimentos. O rio atingiu diretamente quase 100 mil pessoas. Cerca de 50 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas no estado de Rondônia. O problema pode se repetir em 2015, com ainda mais força.
Para saber se o Rio Madeira vai ou não atingir a BR-364 nem menos de 10 dias, e prejudicar a distribuição e oferecimentos de serviços no Acre, é necessário aguardar a decisão da natureza. De qualquer forma, o ac24hroasseguirá informando a população acreana sobre a situação do “rio do medo”.
O estudo confirma que trechos próximos às cidades de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná e Abunã, serão novamente os primeiros a sofrer com alagações. “O primeiro trecho que pode ser inundado, de acordo com o Cemaden, é a área próxima da antiga Mutum-Paraná. Há uma previsão de aproximadamente 10 dias para que isso ocorra”, explicou o secretário-adjunto da pasta, José Pimentel, em entrevista à imprensa daquele estado.
Informações obtidas com exclusividade pelo ac24horas dão conta que uma régua especial já foi instalada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no quilômetro 471 da estrada, para acompanhar o aumento do nível. Nesta quarta-feira, 28, a medição das 0h apontou que faltam 52 centímetros para que as águas do manancial comecem a alagar trechos da rodovia federal. Segundo a PRF, ao atingir a marca de 50 centímetros restantes, será acionado o alerta geral e todos os agentes devem trabalhar em operação considerada “crítica”.
Dados da prefeitura de Porto Velho (RO), disponibilizados ao ac24horas, mostram que após consulta in loco no trecho entre o perímetro da capital e o distrito de Abunã, ficou constatado que cerca de 550 famílias podem ser atingidas diretamente pela cheia.
Segundo o Executivo municipal, o trabalho está sendo realizado de maneira integrada com o governo de Rondônia, DNIT, PRF, governo do Acre e membros do Cemadem. Durante reunião na sexta-feira da semana passada, o grupo apontou algumas medidas preventivas a serem adotadas como a manutenção da Estrada Parque, que liga União Bandeirantes a Guajará-Mirim e Nova Mamoré, locação de balsas e máquinas para ajudar na travessia de veículos dos pontos alagados da BR e retirada das famílias das áreas de risco, dentre outras.
O engenheiro do DNIT, Douglas Freiras, destacou que o órgão federal está atento quanto às providências e estratégias a serem tomadas para não interromper o fluxo de veículos na rodovia BR-364. Durante encontro com representantes dos dois estados, o engenheiro sugeriu que a Defesa Civil faça a demolição das casas localizadas próximas à ponte sobre o Rio Madeira. Segundo ele, outras famílias estão invadindo as antigas moradias, o que exige novos esforços por parte da Defesa Civil e Bombeiros.
O auditório da Associação Comercial de Rio Branco (AC) foi palco de uma tensa reunião entre representantes de setores empresariais de todo o estado. O encontro marcou o início das ações que devem ser executadas já nos próximos dias. Solicitação de linhas de crédito que ultrapassam os R$ 100 milhões, prazo extenso para pagamento, estocagem de produtos em alta escala e uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) são algumas das exigências que os comerciantes pretender fazer a presidente da República, Dilma Rousseff, do PT.
“Nosso objetivo aqui é definir quais serão nossos próximos passos. Vamos cotar tudo que for necessário e colocar em prática nosso plano de contingencia. Isso não quer dizer que teremos uma crise, mas queremos fazer de tudo para que em caso de crise nossa população não sofra com preços altos ou falta de produtos nas prateleiras de nossas empresas”, destacou Jurilande Aragão, presidente da Acisa.
A presidente do Sindicato dos Transportadores do Acre (Setacre), Nazaré Cunha, que também participou do encontro, afirma que a grande preocupação é de trazer até o início do próximo mês os produtos essências, de caráter mais básico. “Minha preocupação é com os produtos mais básicos, mas também fico preocupada com outros produtos, menos essenciais, mas que a população procura”, comenta a representante.
Segundo a sindicalista, trazendo o quanto antes esses produtos, a população não será prejudicada, nem os empresários, que precisam de dinheiro para custear suas dívidas mensais. “A gente precisa é se planejar e tentar viabilizar o mais rápido possível esse plano de contingencia. Para isso, vamos contar com o apoio do governo”, completa.
ESTUDO DO SIPAM
De acordo com Luiz, a realidade é desfavorável, visto que estão previstas chuvas acima da média para a região, bem como a ocorrência, já dado como inevitável. Mesmo assim, o especialista em climas estima que neste ano as proporções da cheia devem ser menores que as do ano passado.
Questionado sobre as previsões de chuvas, Luiz diz que “pelo menos até o fim deste mês, tanto o Acre, como Rondônia, como a área da bacia do Rio Madeira, terão chuvas acima da normalidade para o período. Para fevereiro, as expectativas também são de chuvas acima da normalidade em todas as áreas citadas. Apenas em março é que o volume de chuva previsto deve cair dentro da normalidade”, esclarece o meteorologista.
Ele explica ainda o porquê dessa precipitada cheia do Rio Madeira, antes do período normal. Para o pesquisador do Sipam, “estamos sofrendo influência do fenômeno climático ‘El Niño’, que é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico tropical”, explica, ao esclarecer que “as grandes cheias do Rio Madeira nos anos de 1982 e 1997 tiveram interferência deste fenômeno, que nestes anos, por coincidência, houve um dos eventos de ‘El Niño’ mais fortes da história. Não é o caso desse ano. Estamos, sim, sob influência do ‘El Niño’, mas ele está com fraca intensidade. Porém, apesar de fraco, ele está modulando as condições de clima na nossa região”, comentou.
PREVISÃO QUINZENAL
As previsões para os próximos 15 dias, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), é de que o Rio Madeira apresente baixa. Mesmo assim, na Bolívia, o Rio Beni, principal afluente do manancial rondoniense, não para de subir e já está em situação “laranja”, ou seja, em princípio de risco, o que coloca em xeque os dados apresentados pela ANA, aos brasileiros.
Em entrevista, o chefe do departamento de Gestão de Risco de Beni, Jhonn Maldonado, afirmou que “todos os rios de Beni atingiram o nível laranja, isso significa que estamos a apenas alguns centímetros a ser vermelho”, comentou o gestor ao destacar que faltam apenas quatro polegadas para o manancial transbordar na região da Bolívia.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), na região de encontro entre os rios Beni e Mamoré (que formam o Rio Madeira), já na fronteira com Rondônia, a extensão dos alagamentos superou 500 quilômetros além da margem, em poucos dias. A cheia do manancial boliviano causou quase cem mortes e deixou bilhões de reais em prejuízos e ainda, quase 200 mil bois mortos por conta das alagações.
RELEMBRE
A Marca histórica do Rio Madeira foi confirmada no mês de março de 2014, quando se atingiu a profundidade de 19,74 metros. Na época, o manancial isolou por terra o estado do Acre, e causou prejuízos milionários ao comercio acreano. Na época houve racionamento de combustíveis e alimentos. O rio atingiu diretamente quase 100 mil pessoas. Cerca de 50 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas no estado de Rondônia. O problema pode se repetir em 2015, com ainda mais força.
Para saber se o Rio Madeira vai ou não atingir a BR-364 nem menos de 10 dias, e prejudicar a distribuição e oferecimentos de serviços no Acre, é necessário aguardar a decisão da natureza. De qualquer forma, o ac24hroasseguirá informando a população acreana sobre a situação do “rio do medo”.
Fonte: Ac24Horas.com.br
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